domingo, 19 de dezembro de 2010

61% dos PCs brasileiros foram infectados com malwares de roubos de dados bancários em 2010
Panorama geral aponta que brasileiros sofrem com roubo de dados devido a pirataria de softwares e pura ingenuidade
15 de Dezembro de 2010 | 16:24h
Stephanie KohnVocê sabe como os
malwares estão atuando no Brasil? Talvez poucas pessoas saibam que esses
softwares destinados a se infiltrar em um sistema de computador alheio vem atacando
de diferentes formas por aqui. O Brasil lidera o ranking de países mais
infectados da América Latina, onde 61% dos computadores abrigam malwares.

Em uma lista divulgada
pela Kaspersky nesta quarta-feira (15), o malware que mais gera problema para
o Brasil é o destinado a roubar informações dos usuários. Cerca de 11% dos
computadores infectados carregam o Trojan, apelidado de Banker, que tem como
principal objetivo o roubo de dados bancários. Estes vírus, em 99% dos casos, são feitos no Brasil e, segundo Dmitry
Bestuzhev - pesquisador sênior da Kaspersky Lab para América Latina e analista de pesquisas globais - os criminosos
que atuam por trás deles estão bastante motivados a continuar o roubo por aqui.

O Brasil é o rei da
pirataria e isso todo mundo já sabe, porém essa cultura de piratear softwares
está facilitando os ataques, até com os malwares mais primitivos. "O problema é
que os brasileiros não compram software porque não podem tocá-lo. A cultura não
permite que eles gastem dinheiro com algo que não poderá ser visto", explica o
executivo. Com isso, mesmo que os criminosos tenham um nível técnico inferior
ao dos russos, por exemplo, fica fácil atuar no país, inclusive com malwares
extremamente conhecidos. O vírus que liderou o TOP 20 Brasil em 2010, com 13%
de infecção no país, foi o já conhecido Net-Worm.Win32.Kido.ih.

Logo em seguida, em
quarto lugar, estão os HackTools que funcionam como uma espécie de cracker. O
alto índice desta praga no país está diretamente ligada com a pirataria. Para
se ter ideia, os brasileiros baixavam o antivírus Karspersky gratuitamente para
um trial ("teste") de 30 dias e após este período, ao invés de comprar o software
legalmente, eles baixavam um cracker para quebrar o sistema de segurança e conseguir
mais 30 dias de uso gratuito. No entanto, o software da Karspersky conseguia
detectar o HackTool e bloqueava a sua ação.

Porém, além da
pirataria, os brasileiros sofrem com a ingenuidade. Apenas 12% da população
compra os softwares e o restante acredita na sorte e deixa seus computadores completamente desprotegidos.
Dessa forma, o índice de computadores infectados com malwares de roubos de
dados bancários chegou a 61% em 2010, sendo que 55% deles eram antigos e 45%
apareceram em um novo formato. Dmitry conta que 49% dos vírus que atacam o
Brasil utilizam mais de uma vulnerabilidade do usuário e isso confirma o que já
sabemos: o Brasil precisa melhorar sua política de segurança virtual com urgência.
Fazendo um rápido paralelo com países da América do Sul, a Argentina, que
apesar de ser bem menor que o Brasil, tem maior índice de inclusão digital e mais educação quanto a segurança virtual (veja gráficoabaixo).a


Para entender como
funcionava o sistema de atuação dos criminosos brasileiros, a Karspersky traçou
um gráfico (abaixo) de ataques, que dá para entender direitinho quem está por
trás dessas pragas. No período de janeiro a março há uma baixa de
ataques, pois se trata do ano novo, férias e carnaval. Então, conforme o meio
do ano vai chegando os criminosos começam suas ações de roubo novamente para
arrecadar dinheiro. O executivo da Karspersky Lab conta que a maioria dos
criminosos são jovens estudantes e por isso nos meses de férias escolares há um
pico de roubos virtuais, período em que eles têm mais tempo livre para formular
os ataques. Cada país tem um perfil de comportamento de criminosos, porém todos
têm certas semelhanças como o fato de haver oscilações de ataques o ano todo.aO que nos espera no futuro?

Ao fazer uma previsão
para 2011, Dmitry soa bastante preocupado não só com o Brasil, mas com o mundo todo. "Haverá mais ataques
dirigidos e bem mais profissionais". Os ataques continuarão endereçados às
máquinas e não servidores, mas o grande problema é que entraremos na era em que
o crime virtual vai se unir ao crime físico. "Um criminoso vai roubar seus
dados do cartão de crédito do computador e vai passar essas informações para outro
criminoso clonar este cartão", explica.

Quanto aos dispositivos
móveis como smartphones e tablets, estes podem começar a sofrer roubos de
dinheiro também. À medida em que empresas adotarem esses aparelhos como uma
ferramenta de transações financeiras, como foi o caso da Cielo, os vírus, que hoje são mínimos, podem
crescer bastante.

Já em relação às redes
sociais, Dmitry acredita que os ataques ao Orkut vão diminuir. Mas isso só vai
acontecer porque cada vez mais os usuários brasileiros estão migrando para o
Facebook e adotando o Twitter, ou seja, os malwares vão se focar nestas "novas" redes. "Eles vão usar os aplicativos para inserir links maliciosos", prevê. O
lado positivo dessa história é que o Facebook conta com um chefe de segurança,
enquanto que o Orkut só se dava conta dos problemas depois que eles aconteciam.

Esta previsão de
cenário pode ser um alerta para que os brasileiros comecem a se proteger melhor
virtualmente. No mundo, os ataques pelas páginas da web tem crescido e os criminosos estão cada vez mais preparados para embarcar em novos "nichos" de atuação. Por isso que comprar softwares legais, fazer todas as atualizações necessárias, assim como suspeitar de links não
usuais são apenas algumas das atitudes que precisam se tornar habituais para a
população. A palavra da vez é: segurança!

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